RIO - O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) criticou a decisão do governo brasileiro de aderir ao fórum de diálogo da Opep+, grupo de países aliados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). A aprovação da adesão foi divulgada nesta terça-feira, 18, pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Segundo a instituição, criada em 1995, a adesão contradiz os compromissos climáticos assumidos pelo Brasil e a busca pela liderança da agenda junto aos demais países, na apresentação de maiores ambições para as metas climáticas nacionais.
“Há alternativas à exploração petroleira, inclusive já adotadas pelo Brasil. O País tem sua matriz energética majoritariamente renovável, na qual deve-se investir para que seja limpa de impactos socioambientais, além de buscar soluções para fonte de energia em biocombustíveis”, acrescentou Guimarães.
Ainda segundo o Ipam, os passos na contramão do equilíbrio climático global ocorrem depois do ano mais quente da história da humanidade, o primeiro a ultrapassar 1,5°C acima da temperatura média global antes do surgimento da indústria.
“O ano de 2024 foi marcado por eventos climáticos extremos no Brasil e no mundo, causando mortes evitáveis. Acontecimentos como estes só irão diminuir se as políticas nacionais e internacionais se voltarem para a energia limpa, para o desmatamento zero e para a agropecuária de baixo carbono”, pontuou o diretor.
Quem compõe a Opep
A Opep, que hoje reúne 13 grandes produtores de petróleo do mundo, foi fundada em 1960, em Bagdá, no Iraque, por cinco países (os membros fundadores): Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela.
Outros países foram ingressando na Opep ao longo do tempo — são os chamados membros plenos. Os que continuam no grupo ainda hoje, além dos fundadores: Líbia (entrou em 1962), Emirados Árabes Unidos (1967), Argélia (1969), Nigéria (1971), Gabão (1975), Angola (2007), Guiné Equatorial (2017), Congo (2018).
O que é a Opep+?
A Opep+, por sua vez, é uma espécie de grupo expandido que agrega os 13 membros da Opep mais dez países, dos quais o mais relevante para o mercado de petróleo é a Rússia. Esses dez países aliados colaboram com iniciativas da Opep, mas não têm direito a voto na organização: Rússia, Cazaquistão, Bahrein, Brunei, Malásia, Azerbaijão, México, Sudão, Sudão do Sul e Omã.
Com a adesão ao Fórum de Diálogo da Opep+ não há nenhuma obrigação vinculante ao Brasil. “O Brasil foi convidado para que nós fizéssemos parte da carta de cooperação (fórum)”, disse Silveira.
O fórum busca tratar de “discussão de estratégias dos países produtores de petróleo”, declarou o ministro. “Não devemos nos envergonhar de sermos produtores de petróleo. O Brasil precisa crescer, se desenvolver, gerar renda, emprego, tributos para poder aplicar em educação, segurança e saúde. E o petróleo ainda é uma fonte energética global.”
Denise Luna
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