Índice da Matéria
- Introdução
- Impacto da fome no Brasil e na Bahia.
- Breve contextualização: contrastes entre turismo,
riqueza e fome.
- Panorama da fome na Bahia
- Dados estaduais de insegurança alimentar
(percentuais, milhões de famílias).
- Programas estaduais de combate à fome (Bahia Sem
Fome, cozinhas solidárias, agricultura familiar).
- Resultados positivos, mas ainda insuficientes.
- Dificuldades estruturais no estado
- Logística (território amplo, estradas precárias).
- Recursos e orçamento.
- Falta de adesão de alguns municípios ao SISAN /
Conselhos.
- A dependência de repasses e de programas
centralizados.
- A realidade no Sul da Bahia
- Cidades turísticas x desigualdade social.
- Dados de Porto Seguro: população, número de
domicílios, insegurança alimentar.
- Programas locais: Alimenta Brasil, PAA,
distribuição de cestas básicas (exemplos de 2021–2023).
- Número de famílias atendidas vs. famílias
necessitadas.
- Por que as cestas não chegam como deveriam
- Problemas de transporte e logística nas zonas
rurais/distritos.
- Critérios de seleção pouco transparentes.
- Recursos municipais insuficientes.
- Planejamento irregular e dependência de
emergências.
- Falta de articulação entre prefeitura, estado e
União.
- Consequências da fome na região
- Impactos diretos: crianças, trabalhadores
informais, comunidades indígenas.
- A fome em meio ao turismo e ao luxo: contradição
social.
- Propostas e caminhos possíveis
- Fortalecer a agricultura familiar local.
- Garantir orçamento permanente.
- Transparência nos cadastros e participação
comunitária.
- Expansão das cozinhas comunitárias e solidárias.
- Articulação de políticas integradas (saúde,
assistência social, educação).
- Conclusão
- Reforço do direito humano à alimentação.
- O contraste de Porto Seguro: cidade símbolo do
turismo, mas também de desigualdade.
- Chamado à ação: sociedade, governos e entidades
precisam cobrar e agir.
Matéria
A fome na Bahia: do quadro
estadual às dificuldades no Sul do estado
Em pleno século XXI, a Bahia
ainda convive com um problema que deveria estar no passado: a fome. O cenário é
contraditório. Enquanto alguns setores da economia crescem e cidades turísticas
recebem milhares de visitantes, milhões de baianos ainda não sabem se terão o
que comer no próximo dia.
A fome no estado da Bahia
De acordo com dados oficiais de
2024, 37,8% dos domicílios baianos convivem com algum grau de
insegurança alimentar, o que representa mais de 2,1 milhões de famílias.
Aproximadamente 1,7 milhão de pessoas enfrentam insegurança alimentar
grave, ou seja, passam fome.
Nos últimos dois anos, o programa
estadual Bahia Sem Fome ajudou a reduzir os índices, beneficiando 65,7
mil famílias em apenas seis meses de ação, com a distribuição de mais de 657
toneladas de alimentos. Além disso, foram criadas cozinhas comunitárias e
solidárias em diversos municípios, além de incentivos à agricultura familiar.
Mesmo com avanços, os números
continuam alarmantes. A Bahia ocupa uma das piores posições no ranking nacional
de insegurança alimentar.
As dificuldades estruturais
A logística é um dos grandes
gargalos: o estado possui dimensões continentais e regiões de difícil acesso,
especialmente em períodos de chuva. Estradas ruins e falta de transporte
adequado dificultam a chegada de alimentos a comunidades afastadas.
Outro problema é a dependência dos municípios em relação aos repasses estaduais
e federais. Nem todas as cidades estão integradas ao SISAN (Sistema Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional) ou possuem conselhos municipais ativos, o
que limita a capacidade de planejamento e execução local.
A realidade no Sul da Bahia
É no Sul do estado que o
contraste se torna ainda mais visível. Porto Seguro, um dos principais destinos
turísticos do Brasil, convive lado a lado com a fome. Segundo estimativas
oficiais, o município de Porto Seguro, exemplo a ser citado, tem 168 mil habitantes e cerca de 60
mil domicílios, muitos deles em situação de vulnerabilidade, apesar de
todos os esforços.
Nos últimos anos, a prefeitura
implementou programas de apoio, como o Alimenta Brasil e o PAA
(Programa de Aquisição de Alimentos), que distribuem hortifrutis produzidos
por agricultores locais. Em 2023, foram entregues 18 toneladas de alimentos,
beneficiando 44 agricultores e centenas de famílias.
Em momentos críticos, como durante a pandemia, mais de 1.300 cestas básicas
foram distribuídas a famílias em vulnerabilidade. Em comunidades como Frei
Calixto, Vera Cruz e Trancoso, houve entregas específicas que atenderam algumas
centenas de famílias.
Apesar dos esforços, o número de
famílias atendidas é menor que a necessidade real. Muitas comunidades,
especialmente rurais e indígenas, ainda enfrentam dificuldades para receber
apoio regular.
Por que as cestas não chegam
como deveriam em todo o Brsail?
- Logística precária: estradas e transporte
insuficientes dificultam o acesso a áreas afastadas.
- Critérios pouco claros: famílias relatam
incerteza sobre quem tem direito e quando haverá distribuição.
- Recursos limitados: o orçamento municipal
não cobre a demanda crescente.
- Planejamento irregular: as entregas
acontecem em caráter emergencial, sem periodicidade fixa.
- Falta de articulação: nem sempre há
integração eficiente entre prefeitura, estado e União.
As consequências da fome no
Sul da Bahia
A fome afeta principalmente crianças,
trabalhadores informais, indígenas e famílias que vivem em áreas periféricas ou
rurais. O contraste é evidente: enquanto hotéis de luxo oferecem banquetes
para turistas, famílias locais lutam para garantir o básico.
Propostas e caminhos possíveis
Para mudar esse cenário, algumas
medidas são essenciais:
- Fortalecer a agricultura familiar local,
garantindo escoamento da produção e abastecimento direto às famílias.
- Garantir orçamento permanente para segurança
alimentar.
- Transparência nos cadastros e participação
da comunidade no controle social.
- Ampliar cozinhas comunitárias e solidárias,
para oferecer refeições diariamente.
- Integração de políticas públicas, unindo
assistência social, saúde, educação e agricultura.
Conclusão
A fome na Bahia é um problema que
tem raízes profundas e soluções conhecidas. O que falta é vontade política e
gestão eficiente. No Sul da Bahia, a desigualdade social salta aos olhos: de um
lado, o turismo internacional em vários municípios; de outro, famílias que
dependem de uma cesta básica que muitas vezes não chega.
Fica a sugestão da criação de
taxas e captação em impostos municipais
para o combate à fome, principalmente naqueles municípios que trabalham para
atender esta demanda, mas que infelizmente não conseguem atender a meta
necessária. Apesar de todos os esforços do Governo Federal, Estadual e
Municipal em buscar a FOME ZERO, isso não acontece, mas se o foco fosse
extremamente objetivo cada município poderia fazer o dever de casa e atingir o
princípio da dignidade humana, o alimento na mesa de quem tem fome.
Garantir o direito à alimentação é mais do que uma obrigação legal — é uma
questão de dignidade humana.
Sergio Couto é Presidente do SINDMAEB, Delegado da OMB , Vice-Presidente do Partido Verde e representante do ICA no Estado da Bahia
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