A implantação da Zona Azul em Porto Seguro voltou a gerar debate entre moradores e empreendedores locais. Embora a Prefeitura defenda a medida como uma forma de organizar o trânsito e garantir maior rotatividade de veículos nas principais vias da cidade, a cobrança pelo estacionamento preocupa especialmente quem trabalha diariamente na Passarela da Cultura, um dos pontos turísticos mais movimentados do município.
São centenas de barracas e bares que dependem do fluxo de moradores e turistas. Porém, para muitos empreendedores e funcionários que atuam no local, o custo do estacionamento representa um impacto direto no bolso do trabalhador.
“Quem vem para passear paga a vaga e vai embora. Mas quem trabalha aqui, chega às 16h e só sai às 23h. Isso significa pagar várias horas todos os dias, o mês inteiro. É um peso que não temos condições de suportar”, desabafa um barraqueiro que atua na Passarela há mais de 10 anos.
Segundo os trabalhadores, a cobrança obrigatória desconsidera a realidade econômica da categoria. Muitos sobrevivem do que vendem diariamente e, em alguns casos, o valor gasto com estacionamento pode comprometer parte significativa da renda mensal.
Além disso, há o temor de que a medida desestimule os próprios empreendedores a manterem seus negócios no local, afetando a economia da região e até mesmo a experiência dos turistas que visitam a Passarela.
Exceção para trabalhadores
A reivindicação dos barraqueiros é clara: que haja isenção ou tratamento diferenciado para quem trabalha todos os dias no espaço. A justificativa é simples — enquanto motoristas em geral utilizam a Zona Azul por algumas horas de forma esporádica, os empreendedores e funcionários da Passarela enfrentam a cobrança de maneira contínua, tornando-se um custo fixo pesado.
“Não somos contra organizar o trânsito, mas precisamos de uma regra que nos diferencie de quem só vem passear. O trabalhador não pode ser penalizado por tentar ganhar o seu sustento”, afirma outro comerciante local.
Impacto social e econômico
A Passarela da Cultura é considerada um dos cartões-postais de Porto Seguro e depende da vitalidade de seus bares, restaurantes e lojas para manter o fluxo turístico. Penalizar os empreendedores com custos adicionais pode refletir em preços mais altos ao consumidor, queda no número de barracas ativas e até redução do movimento.
Com isso, cresce o apelo para que o poder público reavalie a aplicação da Zona Azul na região, levando em conta a realidade socioeconômica dos trabalhadores locais.
Por: Sergio Couto
Nenhum comentário:
Postar um comentário